Luciano Rodrigues Gallo
Quando, nesse mês, olhei o que vou receber, eu ...
nem sei.
Ouvi em um documentário, acho, que “professores não
ensinam esperando nada em troca, ensinam porque gostam”, e fiquei pensando até
que ponto isso é real.
Me lembrei do quanto trabalhei pesquisando e preparando
aulas diversificadas, pois a cada dia está mais difícil cativar a atenção dos
alunos que, além de se julgarem auto-suficientes, assimilaram a idéia de que
não é preciso nenhum esforço, pois a escola de hoje lhes garante aprovação de
qualquer forma; me lembrei das noites em frente a um computador elaborando
trabalhos, provas, que, ao contrário do que pensam, demanda um esforço mental
para adequá-los à realidade das turmas onde serão aplicados; me vi novamente
enfrentando as situações difíceis dentro de sala de aula, onde temos que ser
mais que simples professores, pois fazemos o papel de pais, babás, psicólogos, profissionais
de saúde e tantos outros mais quanto forem necessários para lidar com os
problemas dos alunos, dos pais de alunos, etc., e, enquanto fazemos isso temos
que nos esquecer totalmente nossas próprias limitações, nossos próprios
problemas, pois temos que ser os “profissionais que trabalham por amor”; me
lembrei das reuniões que todos temos que “agüentar”, e digo isso, pois até hoje
eu não entrei em nenhuma reunião onde o esforço dos professores fosse
reconhecido, somente cobranças e aumento no volume de trabalho é o que
escutamos, isso pra dizer somente o mínimo.
Quando parei e analisei friamente minha planilha de
custos e receita percebi que gosto mesmo de ensinar, pois o que ganhamos não compensa
nem de longe todos esses desgastes.
Até quando seremos tratados com esse descaso por
parte de todos, inclusive “colegas” que por ocuparem cargos melhores se
esquecem totalmente da realidade nua e crua com a qual temos que lidar
diariamente? Até quando seremos desrespeitados em nossas necessidades básicas
pela sociedade? Até quando seremos vistos como aqueles que não tem importância
para autoridades, que para se manter no poder investem na ignorância dos
eleitores (Um povo ignorante é mais fácil ser manipulado)? Até quando a
sociedade vai se negar a enxergar que somente se desenvolve o país que investe
alto em educação, de verdade, e investir alto significa também valorizar os
profissionais que nela atuam, e isso no nosso país e nosso Estado está muito
longe de acontecer? Até quando vamos permitir que políticos incompetentes e
corruptos cuidem da formação dos nossos filhos?Até quando esse país vai ficar
deitado em berço esplêndido assistindo aos “espertalhões” tirarem toda a
riqueza que nos foi dada por Deus? Até quando essa Nação vai dormir? Acordem,
esse país precisa urgentemente de um povo que tome (através do voto) as rédeas
do seu destino...
Somos professores sim, ensinamos por amor sim, mas
precisamos sobreviver de maneira digna tendo todas as nossas necessidades
atendidas satisfatoriamente. O amor que tenho pelo que faço não coloca o feijão
na minha mesa.
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