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"Se tivesses acreditado nas minhas brincadeiras de dizer verdades, teria ouvido as verdades que insisto em dizer brincando..."

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É preciso muita poesia na alma para encarar...
É preciso muita fé no ser humano para suportar...
É preciso muita luta interna para não desanimar...
E é preciso, antes de mais nada, ser um eterno aprendiz para só assim aprender a ensinar!


"Me interprete como quiser... Me veja da sua maneira... Pode me julgar. Só não espere que eu seja isso que você pensa!!!"



sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sabedoria…

“Nenhuma sociedade pode florescer e ser feliz se a maioria dos seus membros é pobre e miserável.”

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Aquarela

Toquinho
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
Com um lápis em torno da mão
E me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos Tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando, contornando
A imensa curva norte-sul
Vou com ela viajando
No Hawai Pequin ou Istambul
Pinto um barco a vela
Branco navegando
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno lindo e se agente quiser
Ele vai pousar
Numa folha qualquer
Eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida
De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num circulo eu traço o mundo
Um menino caminha
E caminhando chega num muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida, depois convida
A rir ou chorar
Nessa estrada
Não nos cabe conhecer ou ver
O que virá
O fim dela
Ninguém sabe bem ao certo
Onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá

Metade

Oswaldo Montenegro
E que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que de tristeza
Que a mulher que eu amo
Seja prá sempre amada,
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
E a outra metade é saudade
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
Nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa
Que resta a um homem
Inundado de sentimento
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma
E na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão
Que o medo da solidão
Se afaste
Que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim
É a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei
Que não seja preciso
Mais do que uma simples alegria
Prá me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio
Me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade
Prá faze-la florescer
Porque metade de mim é a platéia
E a outra metade é canção
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade ... também

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Querer

Luciano Rodrigues Gallo
Quantas noites a passar, querendo-te!
Sem querer, querer-te!
E sentir o querer crescer
E neste crescer, querer-te querer!
E me entregar, por querer prazer!
Me desarmar, sem querer sofrer!
E amar, por querer viver!
Se o querer, por querer quisesse!
Mostrar-lhe qual é meu querer
Eu lhe diria, por querer saber!
Se o seu querer, quer?
Querer o mesmo que o meu querer.
Que é a vontade de querer sentir
Todos os prazeres que eu quis e vou querer ter
E de tudo na vida, querer tirar!
Tudo que a dor me fez querer guardar
Que posso agora querer fazer
Se eu perdi em mim, o querer gostar!
E é só uma ilusão o querer se entregar
E amar, é só querer sonhar?
Talvez
Assim,
Quem sabe a vida possa, querer sorrir!
E tudo de bom, querer acontecer!
E o coração, querer disparar!
E o brilho nos olhos, querer aparecer!
E todo o meu corpo querer vibrar
E tudo em mim, querer ser vida!
E querer viver vida
Querendo tudo querer te dar
Entregar-me, por querer você!
E querer te amar ouvindo “O Quereres” do Caê
Só pra depois querer lembrar, você!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Oração do Pássaro

Frei Betto

Senhor
Tornai-me louco, irremediavelmente louco
Como os poetas sem palavras para os seus poemas
As mulheres possuídas pelo amor proibido
Os suicidas repletos de coragem perante o medo de viver
Os amantes que fazem do corpo a explosão da alma
Dai-me, senhor, o dom fascinante da loucura
Impregnado na face miserável do pobre de Assis
Contido nos filmes dionisíacos de Felini
Resplandecente nas telas policrômicas de Van Gogh
Presente na luta inglória de Lampião
Quero a loucura explosiva sem a amargura
Da razão ética das pessoas saciadas à noite pela TV
Da satisfação dos funcionários fabricantes de relatórios
Dos deveres dos padres vazios de amor
Dos discursos políticos cegos ao futuro
Fazei de mim, senhor, um louco
Embriagado pelo vosso amor
Marginalizado do rol de homens sérios
Para poder aprender a ciência do povo
Em núpcias com a cruz que só a fé entende
Como um louco a outro louco.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O poder da Escolha

Pra que serve este poder de que dispomos senão o colocamos a nosso serviço?
Por que devemos estar plenamente conscientes de nossas escolhas quando nos utilizamos deste recurso para escolhermos pessoas para representar os nossos interesses?
É realmente importante estarmos atentos ao que nos prometem os candidatos a cargos eletivos enquanto estão em campanha, pois quando os ouvimos podemos até mesmo jurar que eles realmente pensam na coletividade, trabalham para o bem comum, apresentam projetos que visam um crescimento quantitativo e qualitativo de nossa sociedade, etc., mas e depois, eles cumprem o prometido, ou simplesmente se esquecem daquilo que disseram, pois já resolveram o seu problema maior, ser eleito para ganhar uma “graninha” fácil sem fazer muito esforço?
Acredito que nós não devemos simplesmente observar e cobrar o cumprimento de promessas que já foram feitas, apesar disso ser fundamental o que devemos fazer, antes de qualquer coisa, é estar atentos para aquelas pessoas que realmente estão interessadas em melhorar as nossas vidas, nossa comunidade. Devemos conhecer bem aquele que promete, pois se assim o fizermos poderemos selecionar melhor as pessoas que irão definir os nossos destinos enquanto cidadãos poderemos fazer como o empresário que escolhe a dedo aqueles a quem deve confiar os destinos de sua empresa. Ninguém, além de nós tem esse poder, porém por desconhecimento de que o possuímos, por certo comodismo e até mesmo certa preguiça, deixamos de exercê-lo.
Você pode me dizer assim, isso é muito fácil de falar, mas na hora de fazer é que o bicho pega. E eu te diria que você tem razão, é uma tarefa difícil e tremendamente desgastante, mas até quando vamos permitir que outras pessoas decidam o que é melhor pra nós, quando iremos nos conscientizar que o nosso destino, bem como o destino da nossa comunidade está tão somente em nossas mãos. Nós podemos, aliás, devemos colocar somente os melhores para nos representar e isso é um direito por nós conquistado, e, principalmente um dever a ser exercido.
Durante muito tempo eu fiquei calado, não questionei, não lutei pelos meus direitos, me omiti, me tornando assim qualquer coisa dentro da minha sociedade, exceto um cidadão participante e que se importa, não apenas comigo, mas com o crescimento da minha cidade, porém, agora não consigo mais me calar, não posso, não quero e não vou assistir a tudo em silêncio, vou lutar pelos meus direitos de cidadão.
Por pouco que os meus questionamentos e cobranças incomodem aos que se acomodaram em posições confortáveis, por menos que a minha voz seja ouvida pelas pessoas que pagam por sua omissão, como eu paguei, muitas vezes sem saber, se eu puder com as minhas palavras convencer uma pessoa que o nosso crescimento depende única e exclusivamente de nós, que nossas vidas somente são decididas por pessoas que se importam somente em suprir as próprias necessidades é porque permitimos isto, eu terei atingido o meu objetivo.
Internamente pense na pessoa na qual você depositou a sua confiança e responda:
O que está pessoa fez ou pelo menos tentou fazer por “NÓS”?
Eu mudei, você também pode ...
Encontramos-nos num futuro melhor ...

Luciano Rodrigues Gallo

A carta do Índio

Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz já mais de cento e cinquenta anos. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:
"Como podeis comprar ou vender o céu, a tepidez do chão? A idéia não tem sentido para nós.
Se não possuímos o frescor do ar ou o brilho da água, como podeis querer comprá-los? Qualquer parte desta terra é sagrada para meu povo. Qualquer folha de pinheiro, qualquer praia, a neblina dos bosques sombrios, o brilhante e zumbidor inseto, tudo é sagrado na memória e na experiência de meu povo. A seiva que percorre o interior das árvores leva em si as memórias do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem a terra de seu nascimento, quando vão pervagar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta terra maravilhosa, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs, os gamos, os cavalos a majestosa águia, todos nossos irmãos. Os picos rochosos, a fragrância dos bosques, a energia vital do pônei e do homem, tudo pertence a uma só família.
Assim, quando o grande chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossas terras, ele está pedindo muito de nós. O grande Chefe manda dizer que nos reservará um sítio onde possamos viver confortavelmente por nós mesmos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Se é assim, vamos considerar a sua proposta sobre a compra de nossa terra. Mas tal compra não será fácil, já que esta terra é sagrada para nós.
A límpida água que percorre os regatos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se vos vendermos a terra, tereis de lembrar a nossos filhos que ela é sagrada, e que qualquer reflexo espectral sobre a superfície dos lagos evoca eventos e fases da vida do meu povo. O marulhar das águas é a voz dos nossos ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, eles nos saciam a sede. Levam as nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se vendermos nossa terra a vós, deveis vos lembrar e ensinar a nossas crianças que os rios são nossos irmãos, vossos irmãos também, e deveis a partir de então dispensar aos rios a mesma espécie de afeição que dispensais a um irmão.
Nós mesmos sabemos que o homem branco não entende nosso modo de ser. Para ele um pedaço de terra não se distingue de outro qualquer, pois é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo de que precisa. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, depois que a submete a si, que a conquista, ele vai embora, à procura de outro lugar. Deixa atrás de si a sepultura de seus pais e não se importa. A cova de seus pais é a herança de seus filhos, ele os esquece. Trata a sua mãe, a terra, e seus irmãos, o céu como coisas a serrem comprados ou roubados, como se fossem peles de carneiro ou brilhantes contas sem valor. Seu apetite vai exaurir a terra, deixando atrás de si só desertos. Isso eu não compreendo. Nosso modo de ser é completamente diferente do vosso. A visão de vossas cidades faz doer aos olhos do homem vermelho.
Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e como tal, nada possa compreender.
Nas cidades do homem branco não há um só lugar onde haja silêncio, paz. Um só lugar onde ouvir o farfalhar das folhas na primavera, o zunir das asas de um inseto. Talvez seja porque sou um selvagem e não possa compreender.
O barulho serve apenas para insultar os ouvidos. E que vida é essa onde o homem não pode ouvir o pio solitário da coruja ou o coaxar das rãs à margem dos charcos à noite? O índio prefere o suave sussurrar do vento esfrolando a superfície das águas do lago, ou a fragrância da brisa, purificada pela chuva do meio-dia ou aromatizada pelo perfume dos pinhos.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois dele todos se alimentam. Os animais, as árvores, o homem, todos respiram o mesmo ar. O homem branco parece não se importar com o ar que respira. Como um cadáver em decomposição, ele é insensível ao mau cheiro. Mas se vos vendermos nossa terra, deveis vos lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar insufla seu espírito em todas as coisas que dele vivem. O ar que vossos avós inspiraram ao primeiro vagido foi o mesmo que lhes recebeu o último suspiro.
Se vendermos nossa terra a vós, deveis conservá-la à parte, como sagrada, como um lugar onde mesmo um homem branco possa ir sorver a brisa aromatizada pelas flores dos bosques.
Assim consideraremos vossa proposta de comprar nossa terra. Se nos decidirmos a aceitá-la, farei uma condição: O homem branco terá que tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo de outro modo. Tenho visto milhares de búfalos a apodrecerem nas pradarias, deixados pelo homem branco que neles atira de um trem em movimento.
Sou um selvagem e não compreendo como o fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante que o búfalo, que nós caçamos apenas para nos mantermos vivos.
Que será dos homens sem os animais? Se todos os animais desaparecem, o homem morreria de solidão espiritual. Porque tudo isso pode cada vez mais afetar os homens. Tudo está encaminhado.
Deveis ensinar a vossos filhos que o chão onde pisam simboliza a as cinzas de nossos ancestrais. Para que eles respeitem a terra, ensinai a eles que ela é rica pela vida dos seres de todas as espécies. Ensinai a eles o que ensinamos aos nossos: Que a terra é a nossa mãe. Quando o homem cospe sobre a terra, está cuspindo sobre si mesmo. De uma coisa nós temos certeza: A terra não pertence ao homem branco; O homem branco é que pertence à terra. Disso nós temos certeza. Todas as coisas estão relacionadas como o sangue que une uma família. Tudo está associado. O que fere a terra fere também aos filhos da terra.
O homem não tece a teia da vida: É antes um dos seus fios. O que quer que faça a essa teia, faz a si próprio.
Mesmo o homem branco, a quem Deus acompanha e com quem conversa como um amigo, não pode fugir a esse destino comum. Talvez, apesar de tudo, sejamos todos irmãos.
Nós o veremos. De uma coisa sabemos, é que talvez o homem branco venha a descobrir um dia: Nosso Deus é o mesmo deus.
Podeis pensar hoje que somente vós o possuis, como desejais possuir a terra, mas não podeis. Ele é o Deus do homem e sua compaixão é igual tanto para o homem branco, quanto para o homem vermelho.
Esta terra é querida dele, e ofender a terra é insultar o seu criador. Os brancos também passarão talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminai a vossa cama, e vos sufocareis numa noite no meio de vossos próprios excrementos.
Mas no nosso parecer, brilhareis alto, iluminado pela força do Deus que vos trouxe a esta terra e por algum favor especial vos outorgou domínio sobre ela e sobre o homem vermelho. Este destino é um mistério para nós, pois não compreendemos como será no dia em que o último búfalo for dizimado, os cavalos selvagens domesticados, os secretos recantos das florestas invadidos pelo odor do suor de muitos homens e a visão das brilhantes colinas bloqueada por fios falantes.
Onde está o matagal? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. O fim do viver e o início do sobreviver."

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Poema do Amigo Aprendiz

Fernando Pessoa

"Quero ser teu amigo.
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for a hora de calar.
E sem calar, quando for a hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias."

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pesquisa da ONU

A ONU resolveu fazer uma grande pesquisa mundial:

A pergunta era:

"Por favor, diga honestamente, qual sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo"

O resultado foi desastroso. Foi um total fracasso:

Os europeus não entenderam o que é "escassez".

Os africanos não sabiam o que era "alimentos".

Os argentinos não sabiam o significado de "por favor".

Os norte americanos perguntaram o significado de "o resto do mundo".

Os cubanos estranharam e pediram maiores explicações sobre "opinião".

E o congresso brasileiro ainda está debatendo o que significa "honestamente".

Qualidade da Educação

"Na maioria das vezes meus alunos que ainda nem formaram recebem mais do que eu, hoje vejo por exemplo próprio que não valeu a pena ter estudado e feito curso superior...

Nos vestimos mal, comemos mal, dormimos mal, estamos desmotivados, e a mais de dez anos não temos sequer reposição salarial...

Nessas condições, que aluno vai querer ouvir o que uma pessoa assim tem a dizer?


Vamos combinar, não dá para falar em Educação de Qualidade enquanto o profissional da educação for sistematicamente desvalorizado , tratado pelo governo de Minas e pela mídia em geral como um inimigo público, um vagabundo etc."

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Fim dos Professores...

O ano é 2.209 D.C. - ou seja, daqui a duzentos anos - e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:

– Vovô, por que o mundo está acabando?
A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a resposta:
– Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.
– Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?
O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.
– Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios?
– Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.
– E como foi que eles desapareceram, vovô?
– Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa.
Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você ganha”. Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo “gerenciar a relação com o aluno”. O professores eram vítimas da violência – física, verbal e moral – que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo.
Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. “Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério.
Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas “bem sucedidas” eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão, sindicalistas – enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade.
Ah, mas teve um fator chave nessa história toda. Teve uma época longa chamada ditadura, quando os milicos colocaram os professores na alça de mira e quase acabaram com eles, que foram perseguidos, aposentados, expulsos do país, em nome do combate aos subversivos e à instalação de uma república sindical no país. Eles fracassaram, porque a tal da república sindical se instalou, os tais subversivos tomaram o poder, implantaram uma tal de “educação libertadora” que ninguém nunca soube o que é, fizeram a aprovação automática dos alunos com apoio dos políticos... Foi o tiro de misericórdia nos professores. Não sei o que foi pior – os milicos ou os tais dos subversivos.
– Não conheço essa palavra. O que é um milico, vovô?
– Era, meu filho, era, não é. Também não existem mais...

Autoria Desconhecida