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terça-feira, 2 de novembro de 2010

BRASIL - PAÍS DO FUTURO...

Luciano Rodrigues Gallo
“País do futuro!” Nunca concordei com essa afirmação.
Nasci num país muito bonito e cresci com a crença de que o brasileiro era um povo preguiçoso, que não gostava de trabalhar e por essa razão o país não se desenvolvia.
Os governos estavam “trabalhando duramente” para transformar esta realidade, quer dizer, fazer com que as pessoas trabalhassem em prol do desenvolvimento.
A frase que mais se ouvia era – O Brasil é o país do futuro – e o pior era que estas supostas realidades eram aceitas, como se ser o “país do futuro” fosse algo que se pudesse considerar razoável, pois bem, pra mim não era, mas eu nem sabia porque, pelo menos não ainda.
As pessoas estavam convencidas disso, principalmente no interior do país, onde as informações que tínhamos não eram corretas (era tudo muito diferente do que é hoje), a manipulação das informações era muito grande.
As pessoas acreditavam no que era veiculado, e quando não acreditavam, eram desacreditadas, oprimidas, humilhadas, presas, torturadas, etc.
Ouvi certa vez alguém em quem confiava tecer uma comparação entre brasileiros e japoneses, mais ou menos assim:
“O imperador daquele país teria pedido a seu povo que trabalhasse menos, que reduzisse a jornada de trabalho e produzisse menos, pois a produção em excesso é também um fator prejudicial à economia. Enquanto no Brasil, a única coisa que os trabalhadores faziam eram manifestações para se trabalhar menos.”
Hoje sabemos que estas manifestações eram muito mais políticas do que trabalhistas.
Tive a sorte de sair do interior, novo ainda, e poder enxergar as coisas como realmente eram, e não como queriam que acreditássemos.
A realidade era muito diferente daquilo que nos era desenhado.
Sempre fui uma pessoa muito desconfiada e nunca limitei minhas informações a poucas fontes, parecia que nunca me satisfazia...
Vivi a maior parte da minha vida na capital do meu estado e pude constatar que o povo brasileiro, ao contrário do que era veiculado, é muito trabalhador, caloroso, hospitaleiro, bem humorado, festeiro, possui uma fé no futuro como poucos, e acreditava realmente que o “Brasil era o país do futuro”.
Parece que isto está mudando.
Estamos atravessando uma fase nesse país em que esta frase não se aplica mais.
O Brasil não é mais o “país do futuro”.
O Brasil de hoje é o “PAÍS DO PRESENTE”, O Brasil hoje acontece, e precisou vir um presidente do povo e mostrar a todos que duvidavam que podemos fazer acontecer.
Precisou vir alguém e “nos dar a certeza de que o governo tem obrigação de fazer por nós”, que não é um favor o governo cuidar do seu povo.
Estamos muito longe ainda de ser um país justo, mas, nesse meu meio século de vida, eu pensei que não fosse enxergar certas mudanças que estão acontecendo.
De alguns anos pra cá eu sinto que a tal frase, que sempre me incomodou, mudou.
O Brasil deixou de ser o país do futuro e passou a ser o país do presente.
Tenho muita fé que a realidade desse país “abençoado por Deus” continue esse caminho de transformação.
Ainda há muito a ser feito, e, precisamos saber que muito disso depende de nós brasileiros.



A amiga Graça Aguiar (Professora) complementou de maneira brilhante meu singelo pensar...

Esse Brasil ainda vive no imaginário coletivo e continua sendo uma arma de manipulação, vide a campanha eleitoral, quando o candidato Serra sempre falava da educação colocando-a sempre no futuro. A erradicação dessa representação da nação deve ser constantemente trabalhada em sala de aula, pois essa visão milenarista presta-se a engabelar o povo, para que espere a solução de suas mazelas no devir, enquanto a elite se locupleta no Brasil do presente. O mecanismo é similar ao utilizado na Idade Média, quando o bem estar e a felicidade dos pobres aconteceria no paraíso celestial.

Essas representação norteia a vida nacional e foi construída pelos e para os coronéis da República Velha. Repare que o hino nacional coloca a beleza, a força, isto é, realização do “impávido colosso” (Brasil) como uma miragem pertencente ao devir ¨ e o teu futuro espelha essa grandeza “. É um país fadado à imobilidade, pois a sua grandeza já existe, dada "pela própria natureza" e nada precisa ser feito ou melhorado, pois o Brasil se queda “ deitado eternamente em berço esplêndido”. Percebe-se na letra do hino a mentalidade escravocrata da elite, que evoca liberdade para a defesa dos seus interesses, entretanto deseja que todo o resto permaneça como estava, ou seja, o povo que espere, de preferência como zumbis, a participação nas riquezas e no poder desse colosso.
A ideologia das classes dominantes conceberam a nação como uma cornucópia abundante e inesgotável, sob seu domínio, que “tudo dá” eternamente à sua disposição. Nesta representação o brasileiro deixa de ser sujeito e passa a ser um eterno beneficiário das dádivas da natureza, nada precisa ser feito, construído ou melhorado, pois tudo já se encontra pronto, pré-destinado. Entretanto quem tem o domínio da natureza (terras) são os barões do café, o povo é um penetra tolerado neste paraíso, mas como visitante deve ser monitorado por seus dirigentes. Não é à toa que a cidadania no Brasil, não é vista por nossas autoridades como um direito, ela é tida ainda como um favor, uma esmola decorrente da generosidade dos ocupantes do poder.
Amigo o nosso trabalho como educadores é imenso, pois o domínio do imaginário pela ideologia é feito na base do inconsciente e somente uma educação de qualidade pode libertar as mentes e preparar as pessoas para não se deixarem levar pela propaganda ideológica.
Percebes agora o que motiva a baixa qualidade da educação pública e a campanha de desqualificação dos professores?
Apesar de todos os obstáculos, nós educadores estamos aqui, lutando e batalhando no país do presente, o Brasil para nós é aqui e agora.

Abraços

Graça Aguiar


6 comentários:

S.O.S. Educação Pública disse...

Esse Brasil ainda vive no imaginário coletivo e continua sendo uma arma de manipulação, vide a campanha eleitoral, quando o candidato Serra sempre falava da educação colocando-a sempre no futuro. A erradicação dessa representação da nação deve ser constantemente trabalhada em sala de aula, pois essa visão milenarista presta-se a engabelar o povo, para que espere a solução de suas mazelas no devir, enquanto a elite se locupleta no Brasil do presente. O mecanismo é similar ao utilizado na Idade Média, quando o bem estar e a felicidade dos pobres aconteceria no paraíso celestial.

Essas representação norteia a vida nacional e foi construída pelos e para os coronéis da República Velha. Repare que o hino nacional coloca a beleza, a força, isto é, realização do “impávido colosso” (Brasil) como uma miragem pertencente ao devir ¨ e o teu futuro espelha essa grandeza “. É um país fadado à imobilidade, pois a sua grandeza já existe, dada "pela própria natureza" e nada precisa ser feito ou melhorado, pois o Brasil se queda “ deitado eternamente em berço esplêndido”. Percebe-se na letra do hino a mentalidade escravocrata da elite, que evoca liberdade para a defesa dos seus interesses, entretanto deseja que todo o resto permaneça como estava, ou seja, o povo que espere, de preferência como zumbis, a participação nas riquezas e no poder desse colosso.

A ideologia das classes dominantes conceberam a nação como uma cornucópia abundante e inesgotável, sob seu domínio, que “tudo dá” eternamente à sua disposição. Nesta representação o brasileiro deixa de ser sujeito e passa a ser um eterno beneficiário das dádivas da natureza, nada precisa ser feito, construído ou melhorado, pois tudo já se encontra pronto, pré-destinado. Entretanto quem tem o domínio da natureza (terras) são os barões do café, o povo é um penetra tolerado neste paraíso, mas como visitante deve ser monitorado por seus dirigentes. Não é à toa que a cidadania no Brasil, não é vista por nossas autoridades como um direito, ela é tida ainda como um favor, uma esmola decorrente da generosidade dos ocupantes do poder.

Amigo o nosso trabalho como educadores é imenso, pois o domínio do imaginário pela ideologia é feito na base do inconsciente e somente uma educação de qualidade pode libertar as mentes e preparar as pessoas para não se deixarem levar pela propaganda ideológica.

Percebes agora o que motiva a baixa qualidade da educação pública e a campanha de desqualificação dos professores?

Apesar de todos os obstáculos, nós educadores estamos aqui, lutando e batalhando no país do presente, o Brasil para nós é aqui e agora.

Abraços

Graça Aguiar

Luciano_R_Gallo disse...

É realmente bastante enriquecedora a amizade e convivência com você amiga.
Obrigado pelo comentário...
Concordo com vc quando diz que nosso trabalho é imenso, porém não podemos fugir à nossa responsabilidade, já que conseguimos enxergar essa realidade devemos expandi-la a quantas mentes pudermos, e nosso trabalho nos permite isso, apesar das tentativas de desqualificação dos professores.
Li uma frase muito interessante no Twitter do José de Abreu:

"A Direita não quer o povo educado, pois quem recebe educação vota na Esquerda."

Muitas pessoas dizem que a Educação é o caminho, porém poucas sabem o quão longo é esse caminho, e as dificuldades que temos para segui-lo.
Abraços

Luciano Gallo

Vanessa disse...

E', o Brasil "chegou no futuro" e, deste PRESENTE, ele nao vai sair mais! Muito bem colocado, Luciano!

Luciano_R_Gallo disse...

O povo desse país começa a se dar conta do tamanho do "PRESENTE" que temos...
Meu papel nisso é importante...

Keli Soares disse...

Amei o texto primo!
Abraços

Luciano_R_Gallo disse...

Já estava com saudades...
Abraço.