Zélia Maria de Souza
Quanto tempo nos conhecemos? Sei lá!
Eu vinha, você ia ...
Foi um encontro casual, comum, milhares já se encontraram assim.
Depois eu comecei a sentir algo.
Talvez uma saudade sem razão...
Não era tristeza, não era alegria.
Era uma indecisão de sentir você.
E eu passava momentos olhando prá frente, desligada sem ver nada.
Olhava e não via, estava absorta.
Parada consumida por mim, uma verdadeira estátua em introspecção!
Estava confusa, confusa com uma ausência que era presença.
De repente a interrogação indecisa foi evaporando.
E vi dentro de mim que era grande.
Você estava enquadrado no que eu queria.
Desde o sorriso até as lágrimas.
Você era a mão certa na escalada incerta, o agasalho ...
Você era o sim diante da vida.
Mas cometi um erro.
Não perguntei se eu também era tudo isso prá você.
E a verdade é que não era.
Eu não estava enquadrada no que você queria.
Não era o sorriso.
Não era o agasalho.
Não era nada.
Era um ser maravilhosamente invisível prá você.
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(Impassível) Será???? |
De repente fiquei afirmando seus defeitos.
Afundei-me como um arqueólogo nas ruínas da sua imagem, e você permaneceu intacto.
Eu quis desmanchar a ilusão, quis vomitar um amor que me assentava bem.
Eu torci prá você me decepcionar.
Queria muito sentir indiferença.
No entanto você se manteve o mesmo, impassível diante do Dragão no qual me transformei.
Então me decepcionei comigo, porque não compensei o que eu queria com o que eu sentia.
E numa noite não muito longe, resolvi selar a carta da despedida.
Fechei os olhos, as lágrimas pingaram uma a uma.
E eu adormeci, sonhando o sonho da aceitação.